quinta-feira, 27 de maio de 2010

Visitas de Intercâmbios na Implantação de “SAF`S” Sistemas Agroflorestais


Kleber Oliveira de Mesquita. Graduado pela UFPB, Universidade Federal da Paraíba. Centro de Ciências Sociais e Agrárias. Campus III Bananeiras - PB. Assistente Técnico: Serviço Pastoral dos Migrantes, (SPM), Projeto: Preservar e Produzir: Uma Possibilidade Real.


Resumo:


O que é um SAF´S:


O sistema agroflorestal é um exemplo de agricultura que uni a sustentabilida e o cultivo harmonioso do homem com a natureza. É a preservação dos recursos naturais unindo diversidades de espécies nativas e frutíferas que compõe a mata atlântica. O manejo do SAF´s é realizado com espaçamentos adequados que visa o desenvolvimento das plantas preservando então outras espécies secundarias e primarias já existente nas áreas. O remanejamento da poda é uma técnica para penetração de luminosidade e ventilação para as culturas de ciclos médios e curtos e também oferece ao solo uma grande quantidade de massa vegetal onde originará uma grande quantidade de serrapilheira que originará em matéria orgânica através da decomposição das folhas alimentando milhares de microorganismos benéficos ao solo.

O sistema agroflorestal reduz os impactos ambientais negativos trazidos pela agricultura convencional, garantindo autonomia, melhores condições financeiras e qualidade de vida para as famílias rurais. O produtor rural consegue colher já no primeiro ano com as culturas de ciclos curtos e anuais, macaxeira, feijão-de-corda e milho enquanto aguarda a maturação das espécies florestais e as espécies frutíferas de ciclo longo implantadas no sistema. Isso garante ao agricultor uma diversidade de frutiferas em uma só área para subsistência e comercialização em diferentes épocas do ano.


Roteiro do intercâmbio:

08h00 - Apresentação dos participantes e expectativas do dia e logo em seguida visita ao roçado da mãe natureza

09h00 - Visita a uma área de agricultura convencional

10h00 - Como iniciar um SAF`S através do triângulo da vida de Enerts Gooch

11h00 - Visita a um inicio de SAF`S

12h00 - Almoço na casa de Jones e Lenir

13h30 - Jones faz um histórico de sua área até chegar ao sistema agroflorestal.

14h30 - Visita de campo a um SAF`S já concluído em sua residência. Lenir fala sobre o beneficiamento dos produtos produzido pelo SAF`S

17h00 - Avaliação do dia.


Contexto:


A propriedade de Jones pertence à comunidade Inhamã que fica localizada entre os municípios de Abreu e Lima e Igarassu - PE a 30 Km do Recife e possui cerca de 80 anos de existência. As terras pertenciam ao grupo Lungride e através de muita luta houve sua divisão, recebendo cada família três hectares. No início havia somente cultivos tradicionais de mandioca ou macaxeira, e outras poucas culturas. Hoje os sistemas agroflorestais constituem em uma nova opção para a agricultura familiar para a região.

O primeiro contato de Jones com agrofloresta teve início em 1993 quando um técnico do “Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá”, após uma palestra com o pesquisador suíço Ernest Gotsch, levou a proposta de experimentos agroflorestais. O novo sistema trazia alternativas inovadoras onde o princípio seria a menor dependência possível de insumos externos à unidade de produção agrícola, reciclando energia e nutrientes para não haver perda durante o processo de produção. A idéia era trazer novas condições para o solo dentro do próprio sistema. Ernest também visitou a propriedade de Jones oferecendo orientações de consórcios e a introdução de espécies adaptadas as condições do sítio.

O experimento de um hectare implantado no sítio do Sr. Jones passou por problemas nos três primeiros anos, como experiências mal sucedidas por não considerar plantios de espécies adubadoras, e época propícia para a implantação de determinadas espécies, além do pouco apoio da família e comunidade que não acreditavam neste novo sistema de produção.

Hoje Jones conta com seis áreas de experimentação, com mais de 75 espécies de plantas diferentes em uma área de 1 hectare, como abacate, banana, caju, café, cacau, acerola, manga, coqueiro, açaí, sapoti, e espécies florestais como embiriba, pau d’arco, pau brasil, juazeiro. Além

da diversificação, o sítio ainda apresenta uma boa reciclagem de nutrientes, conservação do solo, integração da propriedade e dos animais que passaram a visitar o local devido a diversidade de alimento.


Descrição da Experiência:


Aparatir da necessidade dos agricultores em conhecer uma nova agricultura embasada nos princípios agroecógicos o Serviço Pastoral dos Migrantes-SPM realizou uma visita de intercâmbio com os agricultores rurais dos quatro assentamentos do Litoral Sul Paraibano Teixeirinha, Apasa, Nova Vida e Capim de Cheiro. O maior objetivo da visita era conhecer, observar e diagnosticar a unidade de produção de Jones e sua esposa Lenir no sentido de construção Participativa de informações e conhecimentos.

A primeira atividade juntamente com os agricultores foi conhecer visualizar e comparar uma área de preservação da Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA), que fica próximo ao assentamento Pitanga 1, que é uma área de produção convencional. Ao chegar à reserva O Sr. Jones se apresentou e deu as boas vindas aos agricultores perguntando-lhes a todos quais suas expectativas ao conhecer uma agrofloresta, seguindo essa lógica, ao entra na mata de preservação da (COMPESA) Jones enfatizou que todos iriam conhecer o roçado da natureza, os seguintes itens (solo, umidade, erosão, diversidade, estratos de plantas, existência de pragas e doenças e a sintonia entre os elementos. (Figura 1, Fig. 2 e Fig. 3).


segundo Jones, A problemática da monocultura faz com que o homem só pense em se alimentar e esquece de alimentar a própria terra. Temos que se espelhar na natureza porque ela nos oferece e mostra de que forma podemos fazer nossos roçados para não errarmos tanto...


Solo da mata que chamamos de roçado da natureza.


Comparação de um solo convencional, área Pitanga 1.



Logo após, foi visitado o sítio São José pertencente a Jones, levando em consideração os mesmos princípios adotados anteriormente de comparação e observação, além de informações sobre o planejamento da área, a implantação das espécies, épocas de poda, capina, e do desenho adotado pelo agricultor.

Houve ainda uma apresentação teórica da sucessão natural das espécies vegetais adotadas, seu ciclo de vida, os diversos arranjos e a leitura do triângulo da vida, além das vivências e experiências de Jones no sistema agroflorestal (figura 4).



Segundo Götsch (1995) o conhecimento tradicional pode contribuir muito para apontar as melhores plantas indicadoras, além de auxiliar com informações a respeito da exigência ambiental das espécies nativas, comportamento sucessional e outras características.


Resultado:


O sitio de Jones está dividido para futuras experimentações e o processo natural das espécies é continuo e gradual e vem ocorrendo o tempo todo. O manejo é constantemente com podas drásticas para a entrada de luz e deixar espaços para as plantas frutíferas, e também com poda de hormônios de rejuvenescimento para estimular o crescimento das plantas mais novas.

A colheita de Jones se da em épocas diferentes porque a diversidade de frutíferas é enorme, e tem sempre frutos a colher em sua agrofloresta onde esses frutos são beneficiado através de sua esposa Lenir.

O sítio São João apresenta cerca de 75 espécies, 17.780 plantas, 739 plantas produtoras, 2.280 plantas com potencial de produção, 13.000 kg de alimentos/ano, 40 metros cúbicos de madeira/ano, o que garante a autonomia para a família e diversidade para o ecossistema.

Os produtos são comercializados em feiras agroecológicas nos bairros do Grande Recife, como Graças e Boa Viagem, na qual seu Jones e dona Lenir são pioneiros. Os produtos comercializados são frutas, bolos, geléias, licores, mel, extrato de própolis. A participação dos filhos, bem como de Lenir é intensa, principalmente na organização e comercialização dos produtos, permitindo uma renda que foi capaz de reformar a casa e comprar um carro facilitando no transporte dos produtos agroflorestais.

A experiência de Jones foi fundamental para conhecermos como que de fato se constrói uma agrofloresta, alem de termos visto todas suas experiências e dificuldades encontradas para a construção de suas idéias em reflorestação sustentável.


Nenhum comentário:

Postar um comentário